"Miles electric: a differente kind of blue" - Call it Anything (1970)


Estamos em 1970... o génio musical Miles Davis consolida a revolução do seu estilo musical com o lançamento de "A Tribute to Jack Jonhson". Revolução esta previamente iniciada com o álbum "Miles in the Sky" de 1968, principalmente com o tema Stuff, onde os instrumentos electrificados, a que Miles recorre, metem de lado o piano e contrabaixo (instrumentos clássicos e típicos de Jazz) e com o "Bitches Brew" (1969), com o qual Davis choca em definitivo o mundo do Jazz.
Mas é com a sua performance ao vivo na Ilha de Wight que Miles Davis deixa perplexa uma audiência de aproximadamente 600 mil pessoas.
Miles, com a sua característica ironia, intitula o concerto de "Call it Anything", onde acompanhado por um elenco de luxo, Jack De Johnette (bateria), Airto Moreira (percussão), Dave Holland (baixo), Chick Corea, Keith Jarrett (pianistas) e Gary Bartz (saxofone), impressiona tudo e todos com a sonoridade do seu trompete e com as descargas explosivas para o microfone. Apoiado de uma forma única e peculiar pelos seus distintos e talentosos convidados Miles aborda o Jazz de uma forma ritmada, minimalista, electrizante, psicadélica, provocadora e improvisada como nunca antes visto no panorama Jazziano. Miles e companhia deixam de lado a melodia lírica que envolvia o Jazz nessa altura e reportam-se para as batidas desconcertantes e ritmadas do Funk e Groove, que começam a conquistar a época do Flower Power. Miles cria a união perfeita entre o Jazz e o sentimento Flow que o caracterizavam.
"Call It Anything" (1970) é uma obra prima de 38 minutos, conduzida pela genialidade de Miles Davis e não menos genialmente suportada pelos soberbos músicos que o acompanharam nesta "trip" que percorre a história do Jazz (e da música, em geral!), desde as suas origens até a revolução que Davis provoca no Jazz, com esta interpretação.
Chamem-lhe o que quiserem...!

Comentários

marco costa disse…
absolutamente fabuloso!!!! chamem-lhe o que quiserem :) incrivel como isto já tem trinta e tal anos e nos deixa fascinados. keep up the good work :P
João Santos disse…
gosto muito do miles, ainda q prefira a sua fase mais antiga e classica, em que ainda tinha Coltrane no quarteto."kind of blue"....mas quase tudo e mt bom..."bitches brew", "miles ahead"...